28 de jun. de 2011

Colocando os Sentimentos na Mesa


Após alguns momentos de reflexão ouvindo música instrumental (Mono, Explosions in the Sky e Ghosts and Vodka mais especificamente) percebi algo que realmente me inspirou a escrever: os Sentimentos por trás do RPG. Nesse nosso famigerado jogo de interpretações de papeis costumamos encarnar personagens que tentam a todo momento ser reais, ficar próximos de nós, mas por que? Será que nós, RPGistas, usamos este hobby como uma fuga da realidade, uma forma de projetarmo-nos para longe dos problemas diários e das péssimas memórias de momentos horríveis de nossas vidas? Será que tentamos ser muito bons em coisas que nunca conseguiríamos realizar no mundo real? Será que tentamos fingir sermos os heróis que víamos nas revistas em quadrinhos, cinemas e desenhos animados que permeavam nossa estranha infância?
Acho que todos precisam de uma forma de escapar deste mundo que cada vez exige mais de nós, desta ferida ontológica que nos afeta um pouco mais a cada dia e nos torna, muitas vezes, em pessoas frias e insensíveis com outros seres humanos. Todos temos defeitos e, na maioria das vezes, tentamos esconde-los dos outros, pois temos medo que eles sejam usados contra nós.

O medo é, na realidade, tudo que sentimos a cada momento, sempre estamos neste limiar e por isso continuamos a viver, ele é a emoção mais forte e que rege tudo que fazemos, se não fosse por este terror não teríamos armas capazes de destruir nosso próprio, e único, planeta inúmeras vezes. Penso que sem o medo não conseguiríamos ter chegado na era digital e eu não poderia estar escrevendo este texto nesse momento, afinal, tememos até mesmo nós mesmos em certas ocasiões.

O maior problema da humanidade é que não nos conhecemos de verdade, estamos sempre em uma infinita busca por quem somos e para onde vamos, isto nos alavanca fenomenalmente, foi com este pensamento que chegamos a lua e um dia chegaremos a lugares ainda mais distantes. Se ninguém nunca tivesse imaginado isso estaríamos até hoje presos na era das cavernas, continuaríamos nômades, coletando alimentos quando pudéssemos e fazendo fogo para nos defender de animais.

Porém, o que faz de nós grandes seres são as pequenas coisas, são os pequenos sentimentos de afetos que nos unem cada vez mais, as decepções que nos moldam e a esperança em futuro melhor. Talvez não notamos isso, mas vivemos para batalhar contra nós mesmos todos os dias, mas nem sempre temos a disposição e as forças necessárias para isso, por isto tentamos nos unir a outros seres, que podem ter problemas e dificuldades parecidas com a nossa, pois acreditamos que juntos podemos fazer mais, podemos mudar mais.

Entretanto, a única pessoa que nos conhece de verdade somos nós mesmos, apenas nós convivemos conosco o dia todo, sabemos de nossas mágoas e traumas, formas de superação. Algumas vezes nos esquecemos que somos os únicos que temos a capacidade de mudar algo que nos incomoda em nós mesmos.

É esse tipo de reflexão que falta nos nossos jogos de RPG, é isso que já esta presente na arte e que a torna grandiosa, penso que este é o próximo passo que nosso hobby deve tomar para se tornar algo mais profundo e grandioso, algo que seja mais que uma fuga da realidade, mas uma forma de nos modificarmos junto a outros. Talvez seja apenas um pensamento fútil que veio em minha mente e este texto não faça o mínimo sentido para ninguém, mas temos de tentar algo para dizer que não deu certo.

Espero que algum dia possamos olhar para trás e ver como o RPG ajudou nossas vidas em determinado momento, como ele foi útil para ajudar a esquecer aquela sua Ex que você amava com tanto fervor, como ele te ajudou a superar a morte de um ente querido, como ele fez você se tornar uma pessoa melhor com o próximo. Acredito que nosso hobby tem todo esse potencial, só que gastamos ele, muitas vezes, como brigas bobas quanto a determinadas regras e outras bobagens, sendo que para muitos a melhor coisa do jogo é ir no domingo ver os amigos, beber coca-cola quente e esquecer as mazelas do trabalho.

Acho que nossos personagens vivem uma vida bem mais feliz que a nossa, afinal seus objetivos costumam ser claros e eles conseguem superar traumas bem mais rápido que qualquer ser humano normal, esquecendo a morte do pai na reunião seguinte. Será que deveríamos levar mais a sério o que acontece na vida do nosso personagem ou devemos apenas usá-los como nosso avatar durante as fugas semanais?

Espero que este post ajude-nos a refletir sobre a forma como jogamos RPG e o porque de jogarmos, sei que não são muitas pessoas que leem este blog e ninguém realmente gosta de comentar, mas se quiser tentar responder alguma das perguntas ou dizer o que achou deste texto você pode nos enviar um e-mail ou comentar aqui mesmo, como anônimo se preferir. 

Escrito por Carlos Roberto

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